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Na Paraíba, estima-se a existência de cerca de 409 mil pessoas com 15 anos ou mais de idade analfabetas no estado, correspondendo a uma taxa de analfabetismo de 12,8%, em 2024. Os dados são do módulo de Educação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), divulgados nesta sexta-feira (13), pelo IBGE e obtido pelo ClickPB. O levantamento, que visa retratar a realidade do sistema educacional brasileiro, mostra uma redução gradativa desse indicador ao longo da série histórica iniciada em 2016 (15,4%) e, desde o ano de 2022 (13,6%) tem ficado abaixo de 15%, chegando a 13,2% em 2023 e atingindo o ponto mais baixo da série em 2024.
Apesar disso, o resultado paraibano em 2023 foi o 3ª maior do país, ficando acima das médias do Brasil (5,3%) e do Nordeste (11,1%) e só foi menor que os observados em Alagoas (14,3%) e no Piauí (13,8%). Além do mais, é bem superior à meta 9 do Plano Nacional de Educação (PNE), que determinou a redução da taxa de analfabetismo de pessoas de 15 anos ou mais para 6,5% até 2015 e sua erradicação até o final da vigência do Plano, em 2024.
Analfabetismo é mais intenso entre idosos, homens e pretos ou pardos
A pesquisa constatou que na Paraíba, tal qual se verifica no Brasil como um todo, o analfabetismo segue fortemente associados à idade. Em 2024, estimava-se haver 203 mil analfabetos na faixa etária de 60 anos ou mais, correspondendo à taxa de analfabetismo de 33%. Entre os grupos mais jovens, os percentuais diminuíam progressivamente, de forma que o indicador para os idosos é maior em 19,5 pontos percentuais (p.p.) do que a taxa de analfabetismo para grupo de 15 anos ou mais de idade (13,5%). Apesar disso, o indicador para esse grupo de idade foi, em 2024, o menor registrado na série histórica, bem abaixo do verificado em 2016 (42,2%), início da série.
As análises do analfabetismo segundo o sexo e a cor ou raça evidenciam a persistência das desigualdades educacionais, na Paraíba. Em relação ao sexo, em 2024, o levantamento apontou uma taxa bem maior entre homens (15,3%) do que entre mulheres (10,5%) com 15 ou mais anos de idade, uma diferença de 4,8 p.p., diferença essa que com variações, se mantém elevada desde o início da série histórica, em 2016.
Em relação à cor ou ração, a pesquisa pontou uma diferença de 5,7 p.p. nas taxas de analfabetismo entre os grupos de pessoas autodeclaradas pretas ou pardas (14,7%) e o das brancas (9%) com 15 ou mais anos de idade, em 2024, diferença essa semelhante à verificada no início da série histórica, em 2016, de 5,4 p.p.
(17,2% para pretos ou pardos e 11,8% para brancos).
João Pessoa mantém a maior taxa de analfabetismo entre todas as regiões metropolitanas do país
Em 2024, o módulo Educação da PNADC estimou a existência de 89 mil pessoas analfabetas com idade de 15 anos ou mais, na região Metropolitana de João Pessoa, um resultado superior ao de 2023, de 80 mil analfabetos, contribuindo para que a taxa de analfabetismo asse de 7,6%, em 2023, para 8,1%, em 2024.
Embora seja inferior à verificada na média estadual, essa taxa mantinha essa Região Metropolitana como a que possuía a maior taxa de analfabetismo entre as demais regiões metropolitanas do país. A análise temporal desse indicador mostra oscilações desde o início da série histórica iniciada em 2016 (8,4%), havendo tendência de elevação até 2018 (8,9%), seguido de redução do indicador metropolitano até chegar à menor taxa da série em 2023 (7,6%), para, no ano seguinte, reverter essa tendência e ter uma pequena elevação (8,1%).
Paraíba tem a 2ª menor proporção do país de pessoas com pelo menos o ensino básico obrigatório completo
Em 2024, entre todas as unidades da federação, a Paraíba apresentou a 2ª menor proporção de pessoas de 25 anos ou mais que tinham pelo menos o Ensino Básico Obrigatório, ou seja, que concluíram, no mínimo, o ensino médio, ficando acima apenas do Piauí (43%). A taxa, de 43,4%, ficou bem abaixo da média brasileira (56%), além de ter sido inferior à média do Nordeste (47%), a única Grande Região em que menos da metade da população com 25 anos ou mais havia completado a educação básica.
Entretanto, conforme a PNAD, o contingente e a proporção paraibana com pelo menos o Ensino Básico obrigatório tem crescido paulatinamente desde o início da série histórica, ando de 35,2% (816 mil pessoas) em 2016, para 41,4% (1 milhão) em 2023 e 43,4 (1,1 milhão) em 2024, de forma a melhorar um pouco a posição da Paraíba no cenário nacional, da menor para a segunda menor proporção do país, entre 2023 para 2024.
Ainda no que diz respeito ao nível de instrução das pessoas de 25 anos ou mais, a maior parcela dessa população (34,4%), cerca de 895 mil pessoas, tinha apenas o ensino fundamental incompleto ou equivalente. Esse percentual, que em 2016 era de 40,5%, tem caído ao longo dos anos, mas ainda permanece majoritário entre as classes de nível de instrução. A segunda maior proporção é a dos que tinham o ensino médio completo ou equivalente, que representavam 25,2% dessa população (638 mil pessoas). Essa proporção, que era de 20,9%, em 2016, tem crescido ao longo da série histórica. O grupo dos que tinham concluído o ensino superior também cresceu continuamente, tendo ado de 11,3%, em 2016, para 13,5%, em 2023, e 15,1% em 2024.
Ainda segundo o levantamento, na Paraíba, o número médio de anos de estudo das pessoas de 25 anos ou mais tem aumentado continuamente desde o início da série histórica: ou de 7,6 anos, em 2016, para 8,3 anos, em 2023, e 8,5 anos, em 2024. Mesmo assim, o indicador paraibano para 2024 permaneceu abaixo tanto da média brasileira (10,1 anos) como da regional (8,9 anos).
Frequência escolar tem melhora em todos os grupos etários, mas não alcança metas do PNE
A taxa ajustada de frequência escolar líquida dos estudantes de 6 a 14 anos de idade, que aponta para a proporção daqueles que estavam frequentando os anos iniciais do ensino fundamental, na Paraíba, elevou-se em 2024 (94,9%), frente a 2023 (93,6%), segundo a PNAD Contínua. O indicador, que avalia se os alunos estão frequentando a etapa adequada à faixa-etária, ficou levemente acima das médias do país (94,5%) e do Nordeste (94,3%), mas abaixo da Meta 2 do PNE, estabelecendo que pelo menos 95% dos alunos do ensino fundamental concluam essa etapa na idade recomendada até 2024.
Para os estudantes de 15 a 17 anos que estavam cursando o ensino médio, a taxa ajustada líquida de escolarização desse grupo etário segue com tendência de crescimento desde o início da série histórica, em 2016 (55,6%), tendo crescido entre 2023 (68,3%) e 2024 (69,7%). Apesar disso, permaneceu abaixo das constatadas nos cenários nacional (76,7%) e nordestino (73,9%), bem como da meta 3 do PNE para 2024 (85%).
Nesse mesmo comparativo, houve aumento significativo no percentual daqueles que tinham de 18 a 24 anos e estavam no ensino superior, entre 2016 (20,3%) e 2023 (23,2%), alcançando seu maior valor na série histórica, em 2024 (25,2%). Embora inferior à média brasileira (27,1%), a taxa paraibana de 2024 foi superior à regional (21,9%). Porém, ainda está abaixo da meta 12 do PNE, que estabelece que a taxa de frequência escolar líquida para esse grupo etário alcance o patamar de 33% até 2024. Nesse caso, o desafio envolve reduzir as desigualdades de o e conclusão no ensino superior, enfrentar o atraso escolar, bem como garantir a permanência dos jovens no sistema educacional.
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Com informações do IBGE